Até se chegar ao tipo de música que realmente caracteriza o gosto dos emos atualmente, várias transformações ocorreram, distanciando-os cada vez mais do rock e do punk de trinta anos atrás. Dentre as primeiras bandas que produziriam um som emocore estariam Rites of Spring e Embrace, passando na década de 1990 por bandas como Jimmy Eat World e Dashboard Confessional, até chegar mais recentemente à Fall Out Boy, Panic! at the Disco e My Chemical Romance. No Brasil, bandas como NXZero, Fresno e Restart seriam alguns exemplos desse gênero, o qual aqui teria chegado após o ano 2000. Contudo, é válido observar que muitas dessas bandas, ao que parece, não necessariamente se autorreferenciariam como fazendo parte do gênero emo, uma vez que haveria algo de pejorativo em tal classificação ou rótulo, desvirtuando o que tais bandas acreditariam ser realmente seu estilo musical.
Grosso modo, os emos são um tipo de grupo social informal (estes são constituídos por indivíduos que de algum modo comungam de uma visão de mundo, de um gosto por uma alternativa de comportamento). Consideram-se pessoas altamente emotivas e sensíveis às letras das músicas de sua preferência, as quais têm como temática a melancolia, a tristeza, problemas que envolvem a temática do amor, da rejeição do outro (como da própria família). Porém, é válido dizer que muitos entre os que aderem a esse grupo assim não o fazem apenas pelo gosto musical em comum, mas em grande medida pela identidade ou empatia a esse modo de vida, de comportamento, enfim, pela própria moda no tocante à vestimenta.
Quase que absolutamente, trata-se de grupos compostos por adolescentes e, dessa forma, pode-se compreender que a adesão e a procura de um “estilo” estão ligadas certamente ao momento da vida em que se busca construir uma identidade, lutando-se pela autoafirmação. Nesse sentido, talvez esse aspecto da transição na formação da personalidade (entre a infância e a idade adulta) possa explicar a mistura de símbolos do estilo punk com outros de certo aspecto infantil, como se vê na mescla entre roupas escuras e estampas de personagens infantis, além dos colares de contas coloridas, dos bottons, dos chaveiros e mochilas, dos bichos de pelúcia, etc.
Outro aspecto curioso no comportamento dos emos está na questão da sexualidade, a qual dentro desses grupos pode se manifestar de várias formas para além da heterossexualidade. Aliás, parte do preconceito que sofrem se dá por conta do já existente preconceito contra homossexuais e bissexuais, uma vez que esses tipos de sexualidade são bastante comuns entre os emos. A própria emotividade e a sensibilidade tão características desse grupo vão na contramão de uma expectativa social, por exemplo, com relação a um comportamento masculino de um adolescente homem, o qual, pelo senso comum, deveria ser mais agressivo e não emotivo. Dessa forma, têm-se condições para se criar estereótipos, os quais certamente apenas servem para corroborar preconceitos de toda natureza.
Buscando-se aqui traduzir uma leitura imparcial, não se trata de criticar ou fazer apologia a essa tribo urbana, mas sim de compreender que os emos, enquanto grupo, veem em seu comportamento – assim como em outras épocas outros jovens também o faziam – uma forma de “transgredir” uma norma ou expectativa construída pela sociedade. Por isso, ao se falar de novas tribos urbanas ou de grupos em geral que constituem minorias, é preciso considerar que a intolerância da sociedade com os “diferentes” fica expressa nos atos de violência, sejam em termos físicos ou psicológicos. Assim, um curioso fenômeno social pode ser percebido no fato de que essa mesma sociedade urbana/industrial, ao passo que cria os mais diferentes grupos sociais – como os emos –, não se mostra suficientemente capaz de lidar com eles.
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