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Já diziam, Machismo ninguém merece! mas porque?


Já tô com a capa de chuva no corpo. Vou me molhar, certo. Talvez seja necessário. E ao seguir por estas linhas talvez respingue em você também, leitorx. O machismo permanece viril na mente dos brasileiros. De homens e mulheres com H. Deviam mudar para marchismo

É marcha lenta. Arrastamos as sandálias hippies, reproduzindo comportamentos que entravam a caminhada pela igualdade de gênero. O mercado de trabalho segue desparelho. Em casa, reina a disputa por quem manda e desmanda. Lavar a louça, cozinhar, cuidar dos filhos, passar uma roupa deixou de ser obrigação exclusivamente feminina. Aí entra a diarista, mulher, salvadora. Das Amélias sem qualquer vaidade e do gauchaço que chama a mulher de redomão não vou tratar. Aliás, que vão se tratar! 

Para os extremos tá aí a Maria da Penha. Aos que se julgam esclarecidos, ofereço carona na sombrinha deste texto. Posso dizer sombrinha ou vai afetar a masculinidade de alguém? A questão aqui é enfrentar o preconceito desde dentro. Da casa suja. Da alma deslavada.

As circunstâncias mostram-se complexas e muitos de nós, namorados, maridos, companheiros, diabo a quatro sequer sabemos agir em situações paradoxais. E se a mulher põe uma roupinha mais, como dizer? Sensual. O que fazer? Mandar que se troque? Machismo! Por outra mão, e se nada disser? – Indaga-se o macho pseudoconsciente

E aí pira. Algum machista convicto outhere pode soltar um gracejo às belezas da prenda, embaraçando a todos seus antepassados, contemporâneos, até a quarta e quinta geração. E aqui derrapa de novo na poça do machismo. E quem disse que temos que fazer algo? Acaso as mulheres não sabem se defender se forem assediadas ou desrespeitadas? Há que se ter bom senso, de ambas as partes para entender que se está do mesmo lado da calçada buscando escapar do lodo que salta dos carros.

A monogamia é outro papo, desde que pacto mútuo e não imposta à bala. Claro que aos solteiros e bígamos as condições serão outras e nada contra os que assim vivem, embora eu prefira pessoalmente a relação 2D. Tudo isto tem vindo à mente não apenas pelos desafios da convivência, como por uma série de debates e textos que têm aparecido sobre o assunto. 

Não tenho legitimidade para falar em nome do feminismo. Querendo ou não, faço parte do grupo opressor, mesmo na contramão. O Latuff, que fez uma charge criticando os excessos feministas teve que se retratar pela generalização que fez. Rever as posições e tentar compreender os movimentos do outro é tarefa inadiável para todos nós. Lélia Almeida publicou aqui no S21 excelente texto, O que querem as mulheres?

A temática, contudo, desaba com força, desde a semana passada, pela tormentosa declaração do deputado Bolsonaro* para a ex-ministra dos Direitos Humanos, deputada Maria do Rosário, de que não a estuprava porque ela não seria merecedora disso. Ou seja, a desqualificou para um estupro, como se alguém fosse merecedor. É de um retrocesso extremo! No RS, a coisa não vai tão melhor com o intuito do futuro governador de extinguir a Secretaria de Políticas para Mulheres, passando a área ao gabinete da primeira dama.

Não é possível mais tratar do feminismo com descaso, ignorância ou misandria imaginária. Machismo não é o contrário de feminismo e vice-versa. Reavalie já suas práticas pessoais. Chega de relaxar e aproveitar. Com chuvas e trovoadas saíamos pra nos molhar porque não dá mais para esperar o dia nascer cor de rosa.




*Na época desta publicação presidente da república 
Fonte: Márcio Ezequiel é escritor e historiador. Mestre em História/UFRGS, publicou Alfândega de Porto Alegre: 200 anos de História (2007); Leia antes de jogar fora (crônicas, 2011); Agenda, o livro dos dias (crônicas, 2013) e Receita Federal: História da administração tributária no Brasil (2014). www.marcioezequiel.com.br

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